ETF X fundos passivos: qual o melhor investimento?

Fonte: InfoMoney Veja mais em: http://www.infomoney.com.br/mercados/noticia/2801346/etf-fundos-passivos-qual-melhor-investimento

Um debate sobre a melhor forma de investir em bolsa pode facilmente se tornar interminável. Colocar os ovos em várias cestas, como sugerem os especialistas, costuma ser um tanto trabalhoso, já que é uma atividade que requer muita dedicação e estudo - e nem todos têm tempo de sobra para fazer essa avaliação. É assim que uma modalidade de investimentos que permite se expor a diversas ações ao mesmo tempo, mas de modo simples e rápido, começa a ganhar força no Brasil: o ETF.

Abreviação de “Exchange Traded Funds”, esses produtos são fundos negociados na bolsa, como se fossem ações. Os ETFs são muito populares em mercados mais desenvolvidos, como o norte-americano e o britânico. No Brasil, o mais popular dos ETFs recebe o nome de Ibovespa Fundo de Índice, mas é mais conhecido pelo seu código de negociação: BOVA11. O ETF é gerido pela BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, e rivaliza com os fundos passivos do Ibovespa, já que ambos têm um mesmo objetivo: seguir o desempenho do principal índice acionário da BM&FBovespa, o Ibovespa.

Fundos ou ETFs?
Muito parecidos, os ETFs levam vantagem sobre os fundos passivos por terem mais flexibilidade de compra e venda, taxas de administração menores e mais transparência. O lote mínimo de compra do BOVA11 é de 10 cotas, que, segundo cotação do início de fevereiro, daria algo em torno de R$ 580.


ETFs são muito populares em mercados mais desenvolvidos

ETFs são muito populares em mercados mais desenvolvidos




Um dos principais atrativos desses produtos são as baixas taxas de administração – a do BOVA11 é de 0,54% ao ano. Entre os fundos passivos há uma divergência entre os valores cobrados, sendo que as taxas podem chegar a até 4% ao ano, como é o caso de um fundo da Caixa, ou 0,10% ao ano, como acontece em um fundo do Itaú Unibanco.

Mesmo assim, há opções ainda mais baratas nos ETFs. O PIBB11, segundo maior ETF em patrimônio líquido e que segue o desempenho do IBrX-50, tem a menor taxa: 0,059% ao ano.

Mas nem sempre as ações levam vantagem. Antes de investir, o investidor tem que se atentar para as taxas de corretagem e de custódia, que podem minar a rentabilidade e fazer com que os ETFs até percam em rentabilidade líquida sobre alguns fundos passivos. Como esses encargos são fixos, quanto menor o valor aplicado, mais eles prejudicarão a rentabilidade.

Mesmo assim, segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais), o patrimônio líquido dos ETFs superou o dos fundos passivos do Ibovespa em 2011 e, desde então, só faz aumentar essa diferença. No final de 2012 o patrimônio líquido daqueles fundos era de R$ 4,3 bilhões, bem superior aos R$ 2,4 bilhões destes últimos.

Mas se a experiência nas maiores bolsas do mundo já demonstrou o sucesso destes novos fundos, e a opinião de profissionais do mercado também corroboram essa ideia, talvez a pergunta a ser feita é por que os investidores continuam a investir nos fundos passivos?

Para Ricardo Torres, diretor da Norfolk Advisers, a explicação passa pela comodidade e pelo desconhecimento do investidor brasileiro. “Quando ele começa a estudar um pouco mais, vê que está pagando muito caro”, explica.Mesmo assim, Ricardo Cavalheiro, diretor da BlackRock Brasil, avalia positivamente o crescimento dessa modalidade. “A trajetória dos ETFs está em franca expansão, a uma taxa de crescimento muito rápida”, diz.

A perspectiva é que ainda há muito espaço para crescer. O diretor da BlackRock Brasil chama atenção para o fato de que nos EUA esses fundos representam em torno de 25% do volume da bolsa, enquanto no Brasil está em torno de 2%.

Diversas opções
Além do BOVA11 e do PIBB11, há outros 25 ETFs, segundo dados da Anbima. O mais recente foi lançado no ano passado, o ECOO11, que é uma carteira de ações que leva em consideração a emissão dos gases de efeito estufa das empresas.

Contudo, a liquidez - ou a facilidade para comprar ou vender as cotas - destes outros fundos é menor quando comparado ao BOVA11, que possui um volume diário de negociação superior ao de algumas ações do próprio Ibovespa.

Alguns membros da Anbima defendem que a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) permita o lançamento de ETFs de renda fixa (atualmente, a legislação permite apenas a estruturação destes fundos para o mercado acionário), mas não há um plano de ação específico para atrair mais investidores. “Essa evolução virá com o tempo”, explica Denise Pavarina, presidente da Anbima.

Essa visão também é compartilhada pelo diretor da BlackRock Brasil. “É um processo que amadurece naturalmente. Mesmo lá fora, é um processo que tem um ciclo próprio”, complementa.

Mesmo assim, a pouca adesão dos brasileiros nos ETFs frustra Torres, diretor da Norfolk Advisors e com mais de uma década de experiência atuando em bancos de investimentos no exterior.

Ele explica que, na Inglaterra, onde trabalhou com a venda de ETFs, há aplicações para tipos muito variados de investimentos, desde fundos que seguem a variação do ouro e das bolsas dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China) a até mesmo para quem quer operar vendido ou ainda fundos turbinados, que ampliam os ganhos ou as perdas dos investidores. “Sempre sonhei que veria isso algum dia, mas já voltei há 10 anos para o Brasil e ainda não aconteceu”, comenta.

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