melhoresfundos.com: Taxa de administração e performance: Como escolher o fundo com o melhor custo?

É muito comum vermos em textos sobre educação financeira que devemos sempre avaliar com muito cuidado os custos de um investimento antes de tomar uma decisão. Quando o investimento em questão trata-se de um fundo de investimentos, então a recomendação mais tradicional quanto aos custos é que se escolha naturalmente os fundos com a menor taxa de administração e performance. Essa escolha pode não ser tão simples assim, e como você verá existem alguns detalhes sobre essas taxas que a maioria dos investidores não sabem! Vamos falar um pouco sobre elas nesse artigo.

Taxa de administração e performance: Como escolher o fundo com o melhor custo?

Qual o peso das taxas de administração e performance no resultado dos fundos? Crédito: Istoé Dinheiro

Taxa de Administração

A taxa mais comum e mais conhecida pelos investidores é a taxa de administração, apontada por muitos como a grande vilã dos resultados dos fundos. Essa taxa representa o preço pago pelos cotistas pela prestação dos serviços do fundo, ou seja, nesse custo já consta o pagamento do gestor, do administrador, custodiante, auditor e demais instituições ou custos embutidos na estrutura do fundo.

A Taxa de Administração é sempre divulgada em valores anuais, mas é provisionada diariamente e cobrada ao final de todo mês. Complicou? Em outras palavras, se você aplicar em um fundo que cobre uma taxa de administração de 2% ao ano, então será provisionado diariamente (reservado pelo fundo) o valor de 0,007859% ao dia e ao final do mês será paga (efetivamente cobrada) uma taxa equivalente de 0,1652% ao mês.

Portanto, se você aplicasse R$ 100.000,00 em um fundo que cobra uma taxa de 2% a.a., então você pagaria o valor de R$ 2.000,00 no ano, R$ 165,15 no mês ou R$ 7,85 por dia. Claro que isso é apenas uma estimativa, pois o valor do seu capital no fundo varia todo dia e consequentemente o valor pago oscilará ao longo dos dias.

O grande problema dessa taxa e o motivo da maior parte das reclamações vindas dos especialistas a respeito dela, é que independente do resultado que o fundo apresentar você terá que pagar pelos serviços prestados no período aplicado, sejam eles bons ou ruins.

O que você pode não saber sobre a taxa de administração

Um detalhe importantíssimo que a maioria dos investidores desconhece, é que no Brasil todos os fundos são obrigados a divulgar os resultados já descontando a taxa de administração e até por isso elas já são provisionadas diariamente. Ou seja, quando você olhar o histórico de um fundo que rendeu 20% em 2012, por exemplo, quer dizer que ele rendeu exatamente isso em termos líquidos e desse resultado você só precisa descontar o Imposto de Renda.

É por isso que chamei a atenção para a questão de escolher sempre o fundo com a menor taxa de administração. Em fundos Referenciados-DI, de Renda Fixa ou de Curto Prazo, nos quais o valor dessa taxa teria uma grande influência em relação ao resultado dos fundos, essa regra faz todo o sentido. Por outro lado, você já conseguiria identificar essa influência diretamente pelo resultado do fundo, uma vez que essa taxa já está descontada. Ou seja, se a taxa de administração realmente for alta e atrapalhar o resultado do fundo, então você conseguirá visualizar facilmente isso no histórico de rentabilidade do fundo. Veja a prova abaixo:

Taxa de administração e performance: Como escolher o fundo com o melhor custo?

Uma taxa de administração de 3,9% a.a. contra uma taxa de 0,3% a.a. aparece com clareza no próprio resultado de um fundo de baixo retorno.

O que quero dizer, é que se avaliarmos o resultado de dois fundos em uma comparação, já veremos de cara a influência da cobrança de uma taxa de administração elevada, uma vez que esta já está descontada nos resultados. Portanto, nesses tipos de fundos fica evidente o impacto negativo de altas taxas de administração e na maioria dos casos quanto menor essa taxa melhor, como já havia mencionado aqui.

Por outro lado, quando avaliamos fundos que possuem resultados mais voláteis e potencialmente maiores, como fundos multimercado e de ações essa taxa perde em grande parte sua relevância, afinal de contas a diferença de 1%, 2% ou 3% pouco influenciará o resultado de um fundo de ações que pode chegar a mais de 100% de rentabilidade em um bom ano. Além disso, nem sempre o fundo com a menor taxa de administração será o fundo que apresentará o melhor resultado histórico, pois a gestão no caso desses fundos é muito mais importante que os custos em si. Por isso, ao escolher um fundo dessas categorias o último fator que você deverá se preocupar é a taxa de administração cobrada.

Taxa de Performance

Essa taxa apesar de a primeira vista parecer ruim aos olhos do investidor iniciante, ela é muito mais justa e alinhada com os seus interesses do que aparenta! A taxa de performance é cobrada do cotista como um prêmio ao gestor do fundo quando a sua rentabilidade supera a de seu benchmark. Assim, supondo que você invista em um fundo cobre taxa de performance de 20% e seu benchmark é o CDI,  e neste ano o CDI bateu em 10% mas seu fundo rendeu 15% no mesmo período. Nesse caso a taxa de performance incidirá apenas sobre os 5% excedentes, onde 20% (1% de rentabilidade) ficará com o gestor e os outros 80% (4% de rentabilidade) ficará com você.

Essa não é uma taxa cobrada por todos os fundos, e geralmente é encontrada em fundos com uma gestão mais ativa como fundos multimercado e de ações.

É por isso que ao contrário da taxa de administração, a taxa de performance deve ser vista como fator de escolha e não de repulsa pelo investidor, uma vez que um fundo que cobrar taxa de performance se esforçará ao máximo para cumprir seu objetivo e receber sua parte dessa conquista.

O que você pode não saber sobre a taxa de performance

Assim como a taxa de administração, os fundos provisionam mensalmente a taxa de performance que será cobrada, mas neste caso os fundos são obrigados a recolher essa taxa em períodos de pelo menos um semestre ou mais.

Outro dado pouco conhecido pelos investidores é que o benchmark escolhido pelo fundo deve ser ser relacionado à sua categoria e o objetivo do fundo não pode ser superar menos do que 100% do seu benchmark. Afinal de contas, seria muito fácil além de não fazer nenhum sentido um fundo de ações que tivesse como objetivo superar 50% do CDI não é?

Um último ponto importantíssimo e e também praticamente desconhecido pelos investidores é a adoção da prática chamada de “linha d’água” pelos fundos. De acordo com esse princípio, se os fundos perderem para seu benchmark em determinado período, então deverá “devolver” essa taxa de performance ao cotista. Assim, se um fundo tiver ganhos depois de um período de perdas, a taxa de performance que seria paga deverá compensar e descontar essas perdas em seu cálculo.

Essas dicas valem para quaisquer fundos de investimentos negociados no Brasil e é por isso que devemos tomar muito cuidado com alguns conceitos que encaramos como verdades absolutas e válidos para qualquer situação. Como vimos, cada caso é um caso e existem muitas informações que são pouco divulgadas em especial para os investidores do varejo.


Taxa de administração e performance: Como escolher o fundo com o melhor custo?

As vezes alguns conceitos que carregamos como verdades absolutas podem não valer para todos os casos e precisam ser revisados.


Se quiser saber mais informações sobre como escolher o melhor fundo de investimentos, há um guia que pode o ajudar nessa tarefa aqui.

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