País divulgou ontem que havia saído da pior recessão em 65 anos.
Montadoras de automóveis, fábricas de produtos eletrônicos, refinarias de combustíveis, portos, ferrovias e aeroportos fecharam em quase todo o Japão depois do terremoto de 8,9 graus na escala Richter que atingiu o país nesta sexta-feira (11). O tremor representa um novo baque para a economia japonesa, que luta há mais de dois anos para se recuperar da crise financeira – considerada a pior desde a Segunda Guerra (1939-1945).
O tremor, que é tido como o 5º mais devastador do mundo em toda a história e o pior a atingir o país nos últimos 140 anos, apagou estradas do mapa e deixou milhões de moradias sem energia. Ao menos 60 pessoas morreram em decorrência do tsunami gerado pelo tremor, que ocorreu no Pacífico.
Ainda não há sequer um balanço parcial do prejuízo. Aviões militares sobrevoaram as cidades afetadas para analisar os estragos.
Nesta sexta, o Banco Central do Japão disse que fará o máximo para garantir a estabilidade do mercado financeiro. Na Europa, as Bolsas operavam em queda. Os mercados asiáticos também sofreram o impacto, com o investidores preocupados com os efeitos que o terremoto poderá trazer aos negócios das empresas japonesas.
Na quinta-feira, a economia japonesa comemorava o fim da recessão e o início da recuperação econômica. Desde 2008, o Japão não via crescimento em sua geração de riquezas. No ano passado, o PIB (Produto Interno Bruto, soma de todas as riquezas produzidas no país) japonês cresceu 3,9%.
O PIB da China se aproximou de R$ 9,8 trilhões (US$ 6 trilhões) no ano passado, deixando para trás o Japão, cujas riquezas somaram R$ 9,07 trilhões (US$ 5,5 trilhões).
Na terça-feira (8), o presidente do Banco do Japão, Masaaki Shirakawa, disse que o país precisa de uma postura de crescimento para ajudar a economia. Para ele, a principal causa do baixo crescimento econômico recente é uma queda da produtividade.
Um terremoto como o dessa sexta pode afetar a melhora da produtividade por semanas – ou mais.
Exportações travadas
Líderes dos partidos do governo japonês e da oposição querem um orçamento de emergência para ajudar a financiar os esforços humanitários, e o primeiro-ministro Naoto Kan pediu que eles "salvassem o país", segundo a agência de notícias Kyodo.
O BC japonês anunciou que antecipará a reunião de política monetária para segunda-feira, com decisão no mesmo dia.
Vários aeroportos, incluindo o Narita, de Tóquio, estavam fechados, e as linhas ferroviárias, paralisadas. Nenhum porto funcionava no país, que tem como um dos pilares de sua economia a exportação de produtos eletrônicos de alta tecnologia.
A gigante de eletrônicos Sony, uma das maiores exportadoras japonesas, fechou seis fábricas, de acordo com informações da Kyodo.
Yasuo Yamamoto, economista sênior do Mizuho Research Institute, em Tóquio, disse que a economia sentirá os efeitos rapidamente.
- Há fábricas de carros e semicondutores no norte do Japão, portanto haverá certo impacto econômico devido aos danos nas fábricas.
Uma onda de 10 metros de altura atingiu o porto de Sendai, na província de Miyagi (cerca de 300 quilômetros de Tóquio), mas não houve notícia de danos. As áreas em torno de Miyagi possuem importantes zonas manufatureiras e industriais, com muitas fábricas de produtos químicos e eletrônicos.
Miyagi, a área mais afetada pelo sismo, é responsável por 1,7% do PIB do Japão, de acordo com a Macquarie Research. É como se de cada 1000 ienes, 17 fossem gerados por essa região.
- Há duas preocupações básicas relacionadas à economia. A primeira é que o frágil ciclo econômico não está pronto para suportar uma interrupção significativa. A segunda é que a combinação de uma economia mais fraca com um fardo adicional sobre as finanças públicas colocará pressão de alta sobre os rendimentos pagos nos bônus.
A Toyota Motor disse que interrompeu a produção em uma fábrica de autopeças e em duas montadoras da área de Miyagi, enquanto a Nissan Motor, segunda maior automobilística do Japão, parou as operações em quatro fábricas, de acordo com a mídia local.
Fonte: R7
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