Fonte: Infomoney
Em dia com requintes de correção, "uma queda de sete pontos na avaliação positiva de Dilma levou as ações brasileiras a se valorizarem em R$62 bilhões", observa gestor
Após desafiar nesta quinta-feira (27) todas as crenças de que iria dar sequência a seu movimento de queda, em correção das 7 altas seguidas que somaram ganhos de mais de 8%, o Ibovespa segue levantando dúvidas no mercado quanto à sua tendência para os próximos dias.
Em uma sessão que tinha tudo para ser de nova queda, a notícia de que a aprovação do governo da presidente Dilma Rousseff caiu de 43% para 36% animou os investidores e mudou as regras, levando o índice para seu melhor pregão em quase 7 meses.
"Um dia como esse é interessante porque dá uma real medida de quanto o mercado reprova o atual governo", afirmou Thiago Reis, sócio e gestor da Set Investimentos e blogueiro doInfoMoney.
Ele ainda destacou que uma queda de sete pontos na avaliação positiva de Dilma levou as ações brasileiras a se valorizarem em R$ 62 bilhões. "Isso dá R$ 8,8 bilhões por ponto percentual", completa.
O comportamento do mercado mostrou grandes semelhanças com as especulações da quarta-feira da semana passada (19), quando uma onda de otimismo tomou a bolsa com os investidores esperando uma perda da "folga" que Dilma tinha ante outros possíveis candidatos na corrida eleitoral.
Tal movimento ocorre devido à aversão do mercado às medidas protecionistas do atual governo em alguns setores da economia, sobretudo as estatais - visivelmente grandes destaques de alta nesses dias de euforia.
Para o olhar da análise técnica, o dia representou o fim definitivo de uma tendência de queda nos gráficos do Ibovespa, uma vez que o topo atingido nesta quinta-feira supera o anterior - do dia 11 de fevereiro, na zona dos 47.700 pontos -, derrubando a característica estrutura de "topos e fundos descendentes" do curto prazo do índice.
O analista William Alves, da XP Investimentos, no entanto, via uma inversão de tendência dias antes, ainda durante a forte sequência de alta do índice, que superou outras resistências estratégicas observadas pelos grafistas.
Visão semelhante foi apresentada pelo assessor de investimentos da Monte Bravo Investimentos, Bruno Madruga, para quem os movimentos de curto prazo do índice já se caracterizaram em tendência de ganhos em vez de repiques de movimentos baixistas.
Em conversa com o InfoMoneydias atrás, Madruga mostrou-se esperançoso com a bolsa brasileira para abril, um mês historicamente positivo.
A equipe de análise da XP Investimentos também destaca o forte volume do dia, de R$ 10,39 bilhões - quase o dobro da média dos últimos 21 pregões -, como indicativo da entrada forte de fluxo estrangeiro, com investidores de fora colocando dinheiro em emergentes.
O noticiário da Rússia contribui para que os "gringos" deixem posição lá para entrar com mais ímpeto em outros mercados - e um dos escolhidos acabou sendo o Brasil, decisão reforçada com a nova pesquisa Ibope/CNI."Seria razoável pensar em correção"
Com o fim da sequência de 7 altas, a esmagadora maioria dos especialistas do mercado financeiro apostavam em alguns dias de correção do índice - movimento que chegou a ser ensaiado pelo Ibovespa Futuro na manhã desta quinta-feira, antes do início do pregão regular.
O caminho "saudável" - conforme Madruga destacou - para o benchmark até o fim da semana foi engolido por uma notícia inesperada que mudou os ânimos no dia.
Tal fator reforça ainda mais a expectativa de que os próximos dias representem boas oportunidades para o embolso de lucros e grande probabilidade de queda para a bolsa.
"Seria razoável pensar em correção para o próximo ou próximos dias", afirmou William Alves, alegando que não seria nenhum exagero supor que o índice teste o novo suporte na faixa dos 48.700 pontos, adquirido neste pregão, o que exigiria queda de cerca de 1,9% do Ibovespa, levando em conta o fechamento desta quinta-feira (49.646 pontos).
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