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SÃO PAULO - Economizar, poupar e investir. Não raro estas três palavras são vistas como sinônimos, quando, na verdade, representam etapas distintas do planejamento financeiro. No Brasil, pesquisar preços e pechinchar já faz parte da rotina da maioria das pessoas. Também contribuiu para a formação deste hábito o período de hiperinflação pelo qual passou o País.
Assim, quando sai às compras, a maioria dos brasileiros procura comparar preços, buscando opções mais baratas do mesmo produto. Mas este esforço muitas vezes acaba se perdendo, porque o dinheiro economizado em um item acaba sendo gasto em outro.
Economia deve ser vista no contexto amplo
Ainda que a capacidade de comparar preços e gastar menos com um determinado item seja uma parte importante do planejamento orçamentário, ela acaba não gerando os benefícios necessários quando é vista de forma isolada. E é isso que acontece no Brasil. A razão é simples: a maioria dos brasileiros ainda não elabora um orçamento.
Sem uma idéia clara do seu padrão de gastos mensal, fica difícil entender o impacto que a economia na compra de um determinado produto (ou serviço) tem no todo. Assim, a decisão de economizar passa a ser quase um reflexo e não parte de um planejamento. Em outras palavras, aquilo que é economizado com um item acaba sendo gasto com outro.
E isso é muito ruim, pois economizar implica em esforços, que acabam não sendo compensados se o dinheiro é gasto de outra forma. Por quê? Simples: você economiza, mas não poupa. Assim, apesar do esforço de economizar, você acaba não conseguindo acumular um patrimônio, de forma a melhorar a sua qualidade de vida.
Dessa forma, fica a sensação de sacrifício permanente sem um retorno adequado, o que pode levá-lo a abandonar a disciplina de pesquisar preços e economizar, sem a qual você pode perder o controle financeiro e se endividar.
Da economia à poupança
Por outro lado, se o ato de economizar é colocado dentro do contexto de um planejamento financeiro, é bastante provável que ele se traduza, ao final do mês, em capacidade de poupar. Aí sim, o ato de economizar permite a formação de um patrimônio e, conseqüentemente, a melhora da sua qualidade de vida.
Transformar economia em poupança fica mais fácil quando se possui um orçamento. Isso porque, através do orçamento, é possível definir metas de poupança mensal, o que, em geral, impede que você gaste aquilo que economizou com outro item.
Aos poucos, da mesma forma como aprendeu instintivamente a comparar preços e economizar, você aprende novos hábitos de consumo e começa a tomar decisões mais inteligentes para o uso do seu dinheiro.
Da poupança ao investimento
Ainda que poupar seja uma etapa importante, o sucesso do planejamento financeiro de uma pessoa depende da sua capacidade de fazer o dinheiro que conseguiu poupar crescer. Em outras palavras, é através do investimento, ou da aplicação dos recursos poupados, que o esforço de abrir mão de consumo hoje em favor da capacidade de poder gastar no futuro é recompensado.
Isso porque uma estratégia de investimento bem-sucedida permite que a quantia poupada hoje cresça mais do que a inflação durante o período em que estiver investida, o que permitirá o aumento do poder aquisitivo futuro.
Imagine a seguinte situação: você consegue poupar R$ 500 por mês e, durante 60 meses, investe este dinheiro a uma taxa líquida de 5% ao ano acima da inflação. Após 5 anos, teria poupado R$ 30 mil, ou seja, você abriu mão de gastar R$ 500 por 60 meses. Mas, como investiu este dinheiro a uma taxa que supera a inflação, ao final do período teria acumulado a quantia de R$ 33 mil. Na prática isso significa que você "abriu mão de gastar R$ 30 mil" em favor de poder gastar R$ 33 mil no futuro, ou seja, 10% a mais.
Como estamos falando em retorno acima da inflação, a diferença entre o valor poupado e aquele acumulado após o investimento pode ser vista como crescimento do poder aquisitivo futuro.
Fica fácil entender, portanto, que quanto melhor for a capacidade de uma pessoa investir o dinheiro que conseguiu poupar, maior será o retorno para o "sacrifício" que fez de poupar e, conseqüentemente, maior o poder aquisitivo futuro.
Pode-se afirmar, portanto, que o correto entendimento de como os atos de economizar, poupar e investir se relacionam não só é importante para o sucesso do planejamento financeiro, como também é parte fundamental na educação financeira de uma pessoa.
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